terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

"Seja quente, ou seja frio. Não seja morno que eu te vomito."
Minha frase, atualmente. Obrigada professora Vanessa, faz muito sentido pra mim.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Prepotência.

Tarsila, presa. Chora, muito mais que chora, expõe a tristeza. Ela nunca soube o que fazer com ela mesma, àquele beco escuro, àquela noite quente, àquela saída rápida, àquele homem, brutamonte que a invadiu, ela deve a isso tudo o que expõe agora. Todas as vezes que teve que te contar, e todos os dias que passa por ali, as lembranças são as mesmas, e o coração bate exatamente igual. Só que no lugar do brutamonte e de seu frágil corpo há manchas de seu próprio sangue, que a velha moribunda nunca se preocupou em lavar, e as lembranças dos piores quarenta e dois minutos de sua vida – que pareceram uma eternidade – continuam flutuando lá. Tudo está ululantemente visível, mas muda o dia.
E a quem recorrer? A quem rezar, Tarsila? Ninguém te ouviu, ou ouviria. As pessoas ficam surdas de repente, eu nunca te disse isso? Surdas, cegas e mudas. Prepotentes. Não se sinta assim, por mais que a culpa tenha sido sua, por mais que você poderia ter corrido. Você não correu, ou correu? Você gritou, disso eu sei. Eu ouvi. Eu estava lá, mas não pude fazer nada, Tarsila, te juro. Deus deu o livre arbitro para todos, e como seu anjo tudo o que posso fazer é dizer ‘oh, que pena’ e chorar algumas lágrimas por você. Se o nosso Senhor tivesse impedido naquele momento, tivesse separado mares, mandado pragas, ele estaria tirando o livre arbitro do brutamonte, e isso é uma coisa errada, ele estava no direito de brutamonte dele, e quem sofreu foi você.
Não pense agora que os céus são injustos, Tarsila. Não pense que a vida é uma grande merda e não chore mais, passou. E se o roxo do braço não passou, passará. E se sua mãe ainda chora e seu pai ainda está vermelho de raiva, você não deveria ter contado. Deverias ter guardado cada pingo de sentimento ruim dentro do seu coração, você acha que é justo fazer isso com sua mãe? Mas como disse, tudo passará. Ainda confie em Deus, garota, pois no dia do juízo final, mas somente neste dia, a justiça será feita. Menos se o “livre arbitro” continuar valendo, e se valer, corra. Às desgraças devemos os melhores planos, à ausência e aos maus sentimentos, as melhores canções. Tarsila! Aprenda que agora você virará alguém muito mais fechada, calada e triste. Por vezes melancólica demais e com tendências a achar que ninguém no mundo te quer, de fato. Que anjo seria eu se não te contasse a verdade? Num filme, um rapazinho muito bacana iria chegar até você e cuidar de você como se fosse uma flor pronta a desabrochar, mas não. Ninguém quer uma menina perturbada assim, ninguém. Além de triste, será sozinha. Mas estes são apenas os conselhos mágicos de um anjo mau. Seu anjo da guarda. Espero que esse filme repita muitas vezes em sua cabeçinha vazia, Tarsila.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Calíope.

Meus cabelos e minhas tranças, coisas que eu descubro, pareço criança ao teu lado, eu sou. Já não sei a quem considerar herói sendo que quem me salva é que me chicoteia e que morde e que arranca meus pedaços de mim. Se todos tivessem a sorte de ter uma fonte de cultura corrente, eloquente e quente que a chama só apaga quando amanhece. Teus braços, tua ternura, amor em meio de unhas e carnes e doenças, declarações e brigas. Ela desce do ônibus sem explicação, me beija e diz que me ama e me pergunta se pode ficar. Mas é claro que sim! Eu digo, suspiro, afirmo, preciso de você aqui comigo porque duvido que meus sentimentos líricos vão se fundir assim com os carnais tão bem como o fazem com você. E mesmo que às vezes haja a descrença, permaneça. Você sabe que eu preciso de cuidados e que sou bem egoísta pra não te deixar ir embora assim, por isso não vá.
Mas eu não gosto de chorar, eu não gosto de sentir, e eu às vezes gosto de mentir, eu quero ser uma pedra, uma pedra, duas pedras, mas você não me deixa ser... Eu quero me isolar, adentrar numa terra louca e me esconder do mundo e viver meu próprio sonho e deixar que aquela velha cicatriz que me acompanha, faça muito mais parte de mim e me domine. Queria dizer adeus a minha vida, aos meus sonhos, crenças, a tudo, e viver na terra, no ônibus, no ar, no invisível. Eu quero ser só, eu quero sentir falta. Mas não se vá. Eu quero tudo, eu quero nada, eu quero hoje, eu quero agora, eu quero, eu só sei querer aos meus tempos os opostos. Eu quero você debaixo da minha terra louca, no meu ar, quero que seja minha pedra e que esteja comigo no próximo ônibus, quando a gente partir daqui, disso tudo. Desses três mil e noventa e quatro quilômetros de distância que insistem em nos separar.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O Luto Eterno de Neyde.

Ela costumava rodar com o cara mais bonito de Osasco, se casou com ele e fez inveja em muitas garotinhas de sua idade. Teve duas filhas e fingiu que o alcoolismo de uma delas não existia. Fazia o cabelo, comprava jóias, mas que graça de pseudo-mulher-menina! Tinha onze irmãos, mas agora só tem uns quatro. Morava só, mas agora tem o neto não acompanhado. Vestia e comia do bom e do melhor, sustentada pelo marido, ela vivia, muito mais que vivia, a vida de Neyde foi até dois e mil três uma férias "eterna". Mas de lá pra cá... Em menos de dez anos, todas as negligências vieram à tona, todos os erros que ela fingiu não ver, fingiu que não existiam a cobraram muito mais do que podia dar.
A garota pseudo-italiana não mais podia ser consolada como tinha de consolar os netos e as filhas, pois é isso que se espera da matriarca da família, não é? Não. Na pirâmide familiar da lista de necessitados, ela burlou as leis, e como sempre com seus olhos verdes e a cara de pena que tem conseguiu a pena de todos e às lágrimas, ela deve quase tudo o que tem, quase tudo o que pensam, ela deve às lágrimas e sabe disso. Mas esse não é ponto. Quando mais precisavam dela, quando as forças já eram nulas, ela conseguiu tirar mais e acumular o que já tinha, tirando de quem não tem. E depois de em menos de dez anos perder o marido para a cirrose e a filha caçula para vários cânceres, ela chora, de novo. Mas o choro é novo, pois é! O choro dessa vez é porque ela fracassou como mãe, é porque ela não ajudou à filha bêbada e depressiva que abandonou a outra filha depressiva - que sabe mentir muito bem. É porque ela deixou matarem o que mais tinha de melhor e importante: a família. E junto com o caixão que a filha da filha viu descer com o resto de sua mãe, junto com aquele mesmo caixão de madeira escura, se foi seu coração. A filha da filha, não é tão depressiva como a mãe, mas é melancólica. Não chora com frequência como a mãe, mas quando chora, é uma maratona intensa. E que olha com rancor - sim, rancor- e desprezo a avó que deixou a mãe morrer, destruindo suas necessidades como filha, seus pesares e seus amores. Agora, quase tudo é novo, mas a maioria dos sentimentos ruins, só foram intensificados.
E Neyde, como vai? O luto eterno de Neyde começou agora, que não resta mais nada, agora que ela está no poço e as mãos adormecidas, começou o luto eterno, e a garota das jades e roupas extravagantes usa preto. Preto em tudo, até seus olhos verdes escureceram, a árvore de luxo e glamour extremo secou e tudo o que resta é arrependimento. O tempo não volta e seu luto não pára.

Muitas vezes, a grama do jardim do lado é muito mais verde, às vezes, mas às vezes, é muito mais podre.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

PAMH

Eu conheço esse homem faz uns dois, três anos, e a voz dele me encanta de um jeito surreal! Eu o conheci por acaso... Eu estava meio perdida aí e coloquei na Oi fm e ouvi a música da minha vida. Ryuichi Sakamoto, um senhor japonês maroto que quando novo era lindo e que canta, compõe e toca piano. Em dois mil e oito, quando ouvi pela primeira vez, e descobri quem ele era, escutei tanto as músicas do cara que acabei decorando o cd inteiro, literalmente "Raquel, vai tomar banho, vai menina". Eu mereço mesmo. 
...E sempre tive essa paixonite, assim por dizer. Same Dream, Same Destination é a música da minha vida, é o mundo perfeito, também quero ir pra lá. Mas não é todo mundo que gosta, o som dele é meio estranho, até me acostumar com o álbum inteiro e outros trabalhos, levou um tempinho, uma semana e tal. O cd's são muito caros, não têm letras na internet (sim, eu decorei na manha as músicas, lalalala), nem muitos trabalhos pra download, é, péssimo.