sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Calíope.

Meus cabelos e minhas tranças, coisas que eu descubro, pareço criança ao teu lado, eu sou. Já não sei a quem considerar herói sendo que quem me salva é que me chicoteia e que morde e que arranca meus pedaços de mim. Se todos tivessem a sorte de ter uma fonte de cultura corrente, eloquente e quente que a chama só apaga quando amanhece. Teus braços, tua ternura, amor em meio de unhas e carnes e doenças, declarações e brigas. Ela desce do ônibus sem explicação, me beija e diz que me ama e me pergunta se pode ficar. Mas é claro que sim! Eu digo, suspiro, afirmo, preciso de você aqui comigo porque duvido que meus sentimentos líricos vão se fundir assim com os carnais tão bem como o fazem com você. E mesmo que às vezes haja a descrença, permaneça. Você sabe que eu preciso de cuidados e que sou bem egoísta pra não te deixar ir embora assim, por isso não vá.
Mas eu não gosto de chorar, eu não gosto de sentir, e eu às vezes gosto de mentir, eu quero ser uma pedra, uma pedra, duas pedras, mas você não me deixa ser... Eu quero me isolar, adentrar numa terra louca e me esconder do mundo e viver meu próprio sonho e deixar que aquela velha cicatriz que me acompanha, faça muito mais parte de mim e me domine. Queria dizer adeus a minha vida, aos meus sonhos, crenças, a tudo, e viver na terra, no ônibus, no ar, no invisível. Eu quero ser só, eu quero sentir falta. Mas não se vá. Eu quero tudo, eu quero nada, eu quero hoje, eu quero agora, eu quero, eu só sei querer aos meus tempos os opostos. Eu quero você debaixo da minha terra louca, no meu ar, quero que seja minha pedra e que esteja comigo no próximo ônibus, quando a gente partir daqui, disso tudo. Desses três mil e noventa e quatro quilômetros de distância que insistem em nos separar.

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