sábado, 13 de outubro de 2012

combo

Combo da Raquel triste, com saudade e se sentindo só.

I


(Não sei porquê, mas lembrei da minha avó paterna)
Você põe sua roupa mais bonita, mulher, mas quem disse que você esta bela? Você põe sua máscara para cílios, mas não põe o caráter em mãos. E eu achei por tanto tempo que tentar a beleza seria a coisa certa, até começar a ler. Seu filho mal sabe dos tempos em que sua mãe nasceu. A ditadura corria e assim o país cresceu. Todo mundo fala mal poque lhe apetece, quem se educou e morou, teve médico em casa e agora olha seus frutos, mendigos de beleza, vagabundos por natureza, o que fizemos de errado? Fala de Jesus de dia e geme Deus de noite, para tantos outros apóstolos. Se dá de puritana, mas dá de puta em outra hora, e você pai de família se pergunta, "o que eu fiz de errado?". Filhos de uma nação que pensam em outras nações, filhos de uma terra fértil querendo sair, filhos de um povo bonito que não quer existir. Homem, mulher objeto e eu olhando pra isso, pensando, o que nós fizemos de errado, neste país? Meu país é bonito, meu país tem história e vejo esse povo maldito destruído em escória e eu penso o porquê de não existir mais Joaquins por aí, essa história de sair do clichê pobre tinha que ser comum, você pode saber de tudo sem se gabar. E eu queria saber falar alemão, pra um dia ler Goethe sem ter que consultar alguém. E eu tenho tudo marcado em pele, e eu sou ruim.Me furo em lugares estratégicos e eu que não sei pensar. Sua filha nem sabe ler Goethe (Guete), dança músicas que afirmam ser umas vagabundas de homens ricos e você segue assim, pensando que no tempo da ditadura tudo era ruim, cade o Chico Buarque do nosso dia de hoje? Gozar todo mundo goza, mas nem por isso temos que ficar sabendo quando queremos ouvir uma música. Nossa arte maldita só sabe fazer músicas de amor, mas amor, meu amor, não tem valor se muito cantado e nem tem valor se assim escrachado. Eu sinto muito pelo meu país assim, por dizer, perder todo dia alguém que poderia escrever bem e mandar bem na arte de driblar pensamentos com palavras bobas e cheia de significados e não coisas cheias de significados bobos. Desculpa o desabafo dona Dayzi, mas é que hoje em dia seu Alzheimer não é tão ruim. E eu sinto muito vó, pela sua luta nesse país e olhar em volta hoje em que jovens individuais votam por dinheiro e não pela lei.

 II

Odeio o amor em sua forma, quando eu olho e não sou visto, ser a desgraça no paraíso, ser parasita em forma romântica, querer ser belo e não ter amantes, admiradores de parasitas. Andar sozinha e sem companhia, chorar toda vez que está entorpecida porque se sente só. Usar modo feminino e masculino pra se referir a uma pessoa só, eu. Odeio ler aquele cartão que L colocou dentro daquele filme, pensar que eu machuquei alguém me amava, uma admiradora de parasitas. Odeio ser louca por alguém que não se expressa, não por faltar voz, mas por faltar ideias, odeio pensar que se ele me amasse iria falar, porque o amor é criativo e L confabulava sobre o amor o tempo todo. Odeio as pessoas serem diferentes, e eu querer planejar filhos e você não. Eu queria chamar isso de belo, mas o que é belo? A falta de criatividade ou, a negligência sobre sua falta de romantismo? O fato de eu ser uma eterna sonhadora e mudar de ideia o tempo todo? Eu queria ter mais idade, esquecer tudo isso e ser a Angelina Jolie.

 III

O dia mal começou, não vejo a hora dele acabar. Minha vida mal começou, e eu não quero continuar. Depois que eu vi seu navio flutuante, navegando na água escura e turva da morte, nunca mais pensei que iria querer chegar a amar alguém até ver a água turva novamente, até o fim. Eu deveria nunca ter me apegado a você. Com o sentimento egoísta de te amar e cuidar de você, para que você estivesse bem para mim, para que estivéssemos preparadas para enfrentar a maré da mar sorte, que te levou. Se hoje o dia não estivesse mais amansado, certeza que não estaria aqui. Confesso que não gosto de café, o que me deixa acordada é pensar que no dia em que tentei dormir você se foi. E no dia em que eu pensei que pudesse descansar, sem perceber, eu perdi todas as razões que me ligavam aqui na Terra. Nós brigávamos muito, confesso. Mas quem é a pessoa que eu mais confiava? Quando eu fechava os olhos, pensava na tortura que seria a solidão causada pela sua partida, e agora com os olhos abertos deito na cama e peço um abraço. Sinto-me como em um caminho infinito e escuro, onde, eu corro afogueada com minhas esperanças de te encontrar. Eu já disse que nunca mais vou amar alguém? Cuidar de uma flor, "é terrível a vida através da escuridão", preparar a sua roupa de partida, querer matar e ser morta, mas, acima de tudo pensar que um dia você talvez iria voltar. Não sei porquê você foi embora. Quando vejo que estou morrendo de saudade, minha cabeça ilusionista me dá sonhos com sua pessoa, nunca são iguais. Nesses dias eu durmo até mais, sem perceber, pra tentar matar a saudade, e, às vezes são tão reais que eu sinto o seu cheiro de alfazema - que tonta, coloquei no travisseiro -, e te abraço e choro ao reencontro. Parece até repetitivo, mas sempre que conto estórias sobre minha alma, os meus sonhos estão envolvidos e acordar me parece errado, nunca fui tão sincera em dizer que penso nela a todo momento. Foi intenso seu encontro, é intensa sua partida e minha vida ainda parece sem graça sem você. Volte para mim, por favor, mãe.



Combo porque minha conexão é precária.