segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Lógico

“Têm pessoas que gostam da chuva porque isso as impedem de sair de casa, mas logo quando vêem os primeiro pinguinhos vão correndo para o quintal ficar encharcada com a vitalidade que só a chuva tem, e só elas entendem.
Você só entende o valor da chuva quando precisa de um abraço de alguém intocável, e quando você tem imaginação suficiente para pensar que cada gota de uma água gelada e ácida leva a essência da pessoa desejada até você. Aí sim, você realmente entende porque certas pessoas ficam animadas com o dia de chuva.
É um delírio que te deixa feliz durante no máximo dez minutos, até que você perceba que vai ficar realmente doente se ficar parado debaixo da chuva. É uma ilusão, te faz mal depois quando você percebe que na verdade só caíram gotículas do céu e que isso não tem nada místico e que ninguém vai estar dentro daquelas gotas, aí então você entra no meu mundo e não consegue sonhar por muito tempo.

Bom, foi bom enquanto durou, enquanto eu sonhei pra escrever e me senti perpétuamente apaixonada pela chuva, perpétuamente durante vinte minutos.”
E isso eu li a Zé João, carteiro velho, sabe do básico, do simples, perplexidade é uma coisa que não existe no mundo de Zé João, coisa muito comum entre os nordestinos. Sabe, no interior do Rio Grande do Norte, existem muitos tipos do Zé, pessoa pobres na educação acadêmica, mas muito ricas em lições simples da vida. Pena que eu não tenha isso como bom conceito, mas dessa vez concordei, o homem "falou e disse" !
- Mas ora lá garota! Você só fica desejando gente de longe, eu hein.
- Eu sei, é tenso. Mas sou casada com o inquieto, difícil, distante e dependente Cacto. Por mais que nosso casamento exista, que a chuva me faça feliz por vinte minutos, não me contento apenas com a chuva, ou quatro dias. Mesmo que eu goste da solidão, é muito melhor quando o Cacto está aqui...
- Se o Cacto te faz feliz, se mude para o nordeste!
Como sempre, a solução mais lógica, vinda da pessoa mais simples. Obrigada seu Zé João.
                                                          Adeus São Paulo, me achei!        - Pai, prometo me comportar, ok?