terça-feira, 2 de agosto de 2011

Poema do mais obscuro do coração

Filhos fortes para homens grandes
Amantes, dessas coisas másculas e decididas.
Indefinidos, que seguem com os olhos abertos e avante,
São homens grandes com idéias perdidas.

Não, não sou um homem, nem sou filho,
Mas sim, continuo perdido.
Em minhas idéias como espigas de milho
Entre os dentes, que para nada servem, além de incomodar.

Eu não ando, não vivo, não estou (nem estive) viva.
Eu vago, não me lavo e tenho feridas
Que mostram a força e a intensidade
Que meu coração deveria ter
Minh’alma apenas grita pela liberdade
Até ela é forte demais para ficar
Presa na carcaça do que é ser – eu.

Ainda assim hesitante
O homem pensante segue a cantar;
“De que lado fica o mais obscuro do coração da jovem dama?”
Abrindo a blusa da jovem, ele se perdeu,
Descobriu que a jovem era um travesti sim.
Prostituído, pobre e sujo, uma copia de mim.

O grande homem com filhos fortes
É um covarde sem tamanho,
Deveria ter cruel, lenta e paciente morte
Por lhe julgar e maltratar o que lhe é estranho!

E assim me deixa moribunda no chão,
Ao sangue, e ao léu;
Do beco sem saída de uma traição
Dos beijos vendidos por Raquel.

Que bela anca ela tem!
Vamos comprar, usar, vender!
A bela anca que esse bicho tem,
Bicho mulher molestado
Travesti torturado
Na terra do homem covarde,
Só sobrevive quem tem covardia como arte.

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