sexta-feira, 15 de abril de 2011

II

Mas de todos os sentimentos que juro que senti por Carmen, aquele batom vermelho chegou a ser um sentimento. O maior, o melhor, mais intenso, sentimento. Quando Carmen o usava, era sinal de que coisa vinha por aí, coisa boa, coisa ruim, algo forte vinha. Algo forte como beijos, como brigas, como desejos, como pernas, como gritos, saídas de casa – voltando só depois de três dias - , mas Carmen era boa mulher. Boa mulher que se foi porque fumei, bebi, droguei, cortei e fiz coisas que não devia. Achei que vinha coisa melhor que Carmen e seu batom vermelho, e de fato veio, mas eu não quis. Consumei, mas não repeti.
As mãos não eram de minha Carmen, nem a boca. As pernas eram mais finas, e aquela voz não era calorosa e por vezes, escandalosa que Carmen tinha. Então eu não quis repetir, Carmen podia ter todos os defeitos do mundo, mas sempre esteve lá por mim, menos quando confessei ter cheirado, é, também cheirei. Pois já estava desempregado fazia tempos, gastei o dinheiro dela, e com horror ela disse “Não quero vagabundo morando comigo” então eu disse “Essa casa ainda é minha!” e ela retrucou “Pois isso não é problema”, fumou seu último cigarro, fez a mala correndo, deu um beijo no porta retrato e foi embora.
Faz três meses, me sinto perdido. A casa ta vazia, tudo fica escuro a maior parte do tempo, não tem louça pra lavar porque eu não como, e quando como são sobras, são pães, e Carmen, o que anda comendo?
Não me preocupo sobre o futuro, bonita e inteligente que era, Carmen se ajeitaria fácil na vida, deve estar morando com a mãe, e xingando, dizendo que esses último 15 anos foram os piores de sua vida, mesmo sendo mentira, mesmo sorrindo muitas vezes.
CARMEN COMO SINTO SUA FALTA, MULHER! EU CHORO DE SAUDADE DE VOCÊ.
E se o tempo voltasse, meu amor, eu estou desesperado!

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