quarta-feira, 9 de março de 2011

Você não sabe meu nome.

Às vezes na rua nós encontramos pessoas tão lindas que somos capazes de admirar o dia todo. É o que chamo de "amor de metro" – amor instantâneo, ou literalmente no metro, trem-, aquela coisa intensa, que dura: dois minutos, quinze minutos, que você fica querendo saber mais, ver mais, mas não tem coragem. Ou por causa de uma aliança, ou a indiferença, ou a distancia, o impossível. Às vezes é bom só olhar, admirar, tirar uma foto escondida, olhar depois de três dias e não reconhecer mais. Ao amor de metro dou toda minha esperança.
Um dia, achei que tinha achado a pessoa da minha vida, era mais velho, se vestia de preto, olhos pretos, cabelo preto, pele branca, corrente de bolso prateada. Ele entrou no vagão, ele foi embora, mas o trem estava lotado demais, eu não entrei lá. Mas olhei até a última chance que tive, e nunca mais esqueci meu amor de metro. Nunca mais o vi. Não sei nada a respeito. Não sinto saudade, sei que foi bom apenas naquele instante, que talvez ele fosse desinteressante, nada do que eu esperava, eu era menina. Não sei. Mesmo sem saudade, às vezes me pego pensando no meu amor de metro, tive tantos... Mas esse marcou talvez por ser o primeiro e eu, com toda minha feminilidade, imaginei filhos, famílias, casamento, me imaginei anos com um cara que eu vi por segundos. Quem dera se ele tivesse pensado assim também. Meu amor de metro, não te espero, não apareça.

6 comentários:

  1. Interessante essa narrativa. Quando era mais jovem, ás vezes, em viagens interurbanas, me pegava imaginaldo qual seria a vida das pessoas que habitavam nas casas de beira de estrada que via pela janela.
    Seu conto me trouxe essa lembrança antiga. E bons textos são os que nos remetem a bons tempos. Parabéns.

    Se desejar, visite o blog:

    http://sementesdevitoria.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. Gostei muito deste texto. Me fez lembrar alguns dos meus "amores de metro". Como uma jovem linda, de pele bronzeada, cabelos castanhos escuros e vestida com jeans, tênis e camiseta brancos, desceu na estação na faculdade Gama Filho e eu nunca mais a vi. Faz anos isso, mas eu não a esqueço. É um fenômeno interessante, que voc~e trouxe muito bem neste post.

    Grande abraço.

    ResponderExcluir
  3. Essa Baka me surpreende cada dia mais,quem disse que ela nao tem coisinhas de menina?
    Amei o texto

    ResponderExcluir
  4. Também me vem a memória algumas lembranças sobre meus amores de metrô. Uma menina ruiva, maquiagem pesada, com calça preta e camisa vermelha, all-star, roupas rasgadas bem do estilo rockeiro mesmo. Anos se passaram, nunca mais a vi, mas sempre lembro dela.

    Parabéns amiga Rach, por todos esses seus textos maravilhosos, que nos fazem refletir.

    ResponderExcluir
  5. Obra Prima M E S M O.
    Surpreendendo cada vez mais hein ;D
    Lindo Texto.
    Beijão :*** sz'

    ResponderExcluir